quarta-feira, 28 de julho de 2010

Era uma vez numa colméia...


Ontem estava assistindo ao filme A Vida Secreta Das Abelhas, com Dakota Fanning, Queen Latifah, Alicya Keys e Paul Bettany, e lembrei de várias histórias de abelhas...
Na realidade o filme se trata de um drama familiar vivido pela personagem de Dakota, só aparece um pouquinho da história das abelhas, mas acabei lembrando de quando eu tive uma abelha de estimação no meu primeiro emprego...

Parece ridículo, né? Mas não é mentira...

Trabalhávamos eu e mais uma amiga, a Camila, na V.M. Vídeo lá no Savoy, antes de eu ter banda, alisar o cabelo e beijar os menininhos na boca...

Tinha uns 17 anos na época...
Lembro que tava um calor infernal e a gente sem ventilador, o freezer de sorvetes tinha sido roubado e não tinha nada pra nos refrescar aquele dia...

O movimento tava super fraco (isso era normalpra essa locadora) e tínhamos 3 balinhas que um cliente tinha deixado por lá há mais de dois meses.

Lembro como se fosse hoje, que eu coloquei uma bala na boca, a Camila colocou a outra, e deixamos a restante em cima do balcão, quando de repente, do nada, aparece uma abelha bem grandinha e posa as patas em cima do balcão.

Enquanto minha amiga pegava uma caixa de DVD pra meter em cima da abelha, eu disse: "pare!"

Ela olhava pra mim e pra minha amiga, como se pedisse pra não matarmos ela, mesmo sendo um bicho que faz um barulho muito chato e que dá ferroada a dar com pau!

Olhamos mais de perto, e incrivelmente, a abelha não se assustou, ou voou, simplesmente ficou lá, nos encarando, assim como fazíamos também...

Nessa hora já quebramos a perna por pensarmos que um inseto, tão pequenino, com asas, que não faz mal à ninguém, implorou de certa forma para não tirarmos a vida dele, com aquele olhar de piedade (acreditem, ela olhou com uma cara de gato do Shrek pra gente)...

Cuidadosamente, tiramos a bala de cima do balcão e colocamos na parte debaixo, para não chegar nenhum tapado ou nóis e metesse a mão na coitada...
Abrimos a bala, ela subiu em cima, e começou a mordiscar a bala...

Que coisa linda que foi aquilo!

É claro que ela não comeu a bala toda, afinal, um bicho pequeno daquele é do tamanho da própria bala, se comesse tudo aquilo demoraria um mês e ainda ficaria no formato do Ronaldo Fenômeno.

Só sei que ficamos apaixonadas pela abelha, e de certa forma ela por nós.

Colocávamos a mão perto da bala, e ela subia na palma, parecendo o papagaio que sobe no ombro do dono...

Ela fazia cócegas nas minhas palmas, dava vôos rasos e voltava para o balcão...

Até a batizamos de Abelha Jeniffer, pode uma coisa dessas?

Terminando o expediente, ficamos tristes em espantá-la de dentro da locadora, mas incrivelmente, a abelha não saiu do balcão, continuou mordiscando a bala que tínhamos deixado lá. Fiquei feliz por saber que tinha feito uma nova amizade. Diferente, mas era uma amizade.
Cheguei em casa, contei pra minha mãe, que com certeza achou que eu tava louca (assim como vocês quando lerem esse post, rs), e ela falava: "que legal filhinha, a abelha foi na palma da sua mão então?" e eu contava tudo sobre a Jeniffer, feliz da vida e pensando em como ela estaria sozinha, no escuro, mordiscando a bala que deixamos pra ela.

Chegando na locadora no dia seguinte, deparamos com Jeniffer do lado da bala, imóvel, enquanto um caminho de formigas começava a se destacar no branco do balcão.

Não sei ao certo como uma abelha morre senão por uma mão humana, e chorei ao vê-la sem vida, do lado de uma coisa que tinha sido essencial para conhecermos a abelhinha.

Ficava pensando em como uma criatura que não fala, não pensa, voa, é um inseto, consegue destacar tal sentimento dentro de uma pessoa racional?
Acho que isso é o tal milagre da vida, o milagre do sentimento, da compaixão...

Pensando numa abelha, podemos achar ridículo, mas as vezes vemos situações onde no lugar da abelha se encontra uma pessoa que necessita de carinho, apoio, comida, amor...

Nem todos veem da forma que deve ser vista.
Outros no meu lugar poderiam simplesmente ter matado a abelhinha.
Não faria mal nenhum à consciência de tal indivíduo.
Mas na minha faria. Pra quê matar uma coisa que não faz mal à mim? Não é verdade?

Eu num sou muito chegada nesse tipo de bicho, mas desde esse episódio da locadora comecei a olhar as abelhas com outros olhos.

E no filme de ontem, vi como ela trabalha lindamente numa colméia, o milagre de milhares de abelhas produzirem o mel, uma coisa que nos ajuda em várias coisas, e que não tem a devida atenção.

Aliás, pra quem procura assistir um filme tocante, com grandes interpretações, fica a dica.

Só sei que assisti esse filme ontem e lembrei da Jeniffer... Uma grande abelha...

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